quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Todos os dias são: Dias de Natal!



--O lugar-comum do título deste post é propositado!!--

Natal

(S. Martinho de Anta, 24 de Dezembro de 1966)

Leio o teu nome
na página da noite:
Menino Deus...
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?
Todos os dias nascem
Meninos pobres em currais de gado.
Crianças que são ânsias alargadas
De horizontes pequenos,
Humanas alvoradas...
A divindade é o menos!

Miguel Torga ................................................................................... .......(Fotografia: Vales da Suíça)




quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Ciclos



-
Final de 2008: mais um ciclo se cumpriu!

Não quero fazer "balanços"! é cedo, ainda...

(...ainda não é Natal!)

Tenham umas boas férias! Bem merecem!


Só esta liberdade nos concedem
Os deuses: submetermo-nos
Ao seu dominio por vontade nossa.
Mais vale assim fazermos
Porque só na ilusão da liberdade
A liberdade existe.

Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa).
-



------------------------------------------------------------
(Fotografia: Catedral de Estrasburgo)
-----
-

domingo, 7 de dezembro de 2008

Outra "personagem" romântica...

..
... ou a intemporalidade do Romantismo:


ARTE
-
Arte de amar
o que nos dá o luar.
Arte de seduzir
o que nos faz sorrir.
Arte de odiar
sem o querer disfarçar.
Arte de discutir
com um beijo a atingir.
Arte da Liberdade
ultrapassando a tempestade.
Arte de viver
sem pensar em morrer.


Da autoria do Flávio
(11º B)
---
-

Reflexos e Sombras

(Jogo de citações)
-
"Não se obliteram facilmente em mim impressões que me entalhem, por mais de leve que seja, nas fibras do coração."

Almeida Garrett, in "Memória ao Conservatório Real"

Citação da citação, blogue Palavras Soltas da Maria João
-
-

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Memória ao Conservatório Real


Tópicos da Memória ao Conservatório Real de Almeida Garrett:

  • os factos históricos portugueses são marcados pela simplicidade;
  • essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);
  • na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;
  • da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” o próprio Frei Luís de Sousa, um dos melhores prosadores da língua portuguesa;
  • consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;
  • uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;
  • sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;
  • no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflecte, mas influencia, também, a sociedade;
  • refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro ambulante a que assistiu, ainda jovem; mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação; mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez;
  • afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;
  • e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;
  • assim, uma vez que já não há Mecenas, tudo o que se escreve tem de ir ao encontro do gosto do leitor, e o leitor «quer verdade»;
  • a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».

-

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dia da Restauração


Dia 1 de Dezembro, dia da Restauração:

A Restauração foi a recuperação da independência de Portugal, em 1640, depois de sessenta anos (1580-1640) de domínio castelhano: Filipe II, Filipe III e Filipe IV de Castela.

D. João IV foi o Rei Português a quem coube restaurar essa independência perdida. Mas os portugueses nunca tinham perdido a esperança e refugiavam-se na crença sebastianista, acreditavam que, um dia, D. Sebastião (ou outro- o Encoberto) regressaria para expulsar os castelhanos.

Reparem como o Padre António Vieira, num dos seus Sermões, o Sermão dos Bons Anos, confere a D. João IV uma legitimidade "divina":

«Nem mais nem menos Portugal, depois da morte do seu último rei. Buscava-o por esse Mundo, perguntava por ele, não sabia onde estava, suspirava, gemia, e o rei vivo e verdadeiro deixava-se estar encoberto, e não se manifestava, porque não era ainda chegada a ocasião;(...) então se descobriu o encoberto Senhor.»

O "encoberto Senhor" era D. João IV!!

(Almeida Garrett vai recuperar o mito do Sebastianismo-o Encoberto-no Frei Luís de Sousa).

Fotografia: D. João IV
--

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Almeida Garrett: "personagem" romântica



Pela primeira vez, em Portugal, alguém (Almeida Garrett) tem a coragem de
publicar poemas em que se exalta o Amor-Desejo pela Mulher:


Anjo És

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
(...)


Anjo és. Mas que anjo és tu?
(...)
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não tem. -Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?


Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De onde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

Almeida Garrett, in Folhas Caídas


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A ideologia romântica



O Romantismo, uma nova visão do Mundo e do Homem:



  • valorização do Eu, do indivíduo e da sua espontaneidade;
  • a Emoção deve sobrepor-se à Razão;
  • insatisfação, a ânsia de Absoluto, a nostalgia por algo de distante, vago e indefinido;
  • consciência dos problemas político-sociais e vontade de neles participar activamente: a defesa dos princípios da Igualdade, Liberdade e Fraternidade;
  • o herói romântico é concebido como um rebelde, incompreendido, (auto)marginalizado, que se insurge contra tudo o que o oprime;
  • os sentimentos privilegiados são: a tristeza, a melancolia, o gosto pelo sofrimento, a busca da solidão, o desejo da morte como libertação;
  • atracção pelo sobrenatural, pelo misterioso;
  • crença em agoiros e superstições, gosto pelas tradições, lendas e mitos;
  • o gosto pela Noite, pelo sombrio, pelo macabro: o locus horrendus;
  • o nacionalismo e o patriotismo;
  • a religiosidade cristã;
  • a evasão (fuga) da realidade:-no espaço: gosto por países distantes, exóticos, misteriosos;-no tempo: valorização do passado, nomeadamente a Idade Média;-através do sonho e da imaginação;
  • simplificação da linguagem e do estilo.

Nota: seleccionei os tópicos que considero mais importantes para ajudar a compreender o Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.

(Fotografia: paisagem da Suíça.)
--- ----- --

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Romantismo


Para entendermos o Romantismo, é necessário conhecermos os factos político-sociais que influenciaram a mudança de visão e de atitude perante o Homem e o Mundo, ainda no século XVIII, na Europa, no século XIX, em Portugal.
  • a Revolução Industrial, em Inglaterra
  • a Revolução Francesa, em França (1789)
  • a Revolução Liberal, em Portugal (1820): opõe Liberais e Absolutistas, representados, respectivamente, por D. Pedro e D. Miguel. Durante cerca de 30 anos, o país viveu em guerra civil.

Consequências:

  • ascensão da burguesia;
  • democratização da cultura e do livro;
  • defesa dos ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
  • queda dos regimes absolutistas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dia da Cultura Científica



Hoje, dia 24 de Novembro, é Dia da Cultura Científica. Não sei qual o critério da escolha deste dia. Mas há um poeta que costuma ser associado a este evento:

António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho:

Físico, poeta, professor, investigador.....

Os seus poemas reflectem esse encontro caloroso da Ciência e da Poesia:



Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
(...)

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
(...)


Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
(...)

Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.


---António Gedeão
---

Trabalhos dos alunos


Decidi publicar os trabalhos dos alunos, na sua totalidade e não excertos como era habitual. Assim sendo, uma vez que eles acrescentaram outros recursos, abri uma espécie de pasta, que é, afinal, um outro blogue, onde vou postando esses trabalhos devidamente identificados. Ficam «ali», arrumadinhos!!

Ver em: Trabalhos dos Alunos.

...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ficha de Leitura


Para iniciarmos o estudo do Romantismo e do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, é conveniente contextualizarmos este movimento literário e conhecermos os seus ideais. As respostas a esta ficha formativa encontram-nas nos textos teóricos do Manual. Posteriormente, colocarei no blogue alguns tópicos sobre o Romantismo.


Romantismo

1.
Que acontecimentos político-sociais estiveram na génese do Romantismo, em Inglaterra e em
França?

Que ideais se defendem, a partir do final do século XVIII/princípio do século XIX?


Como chegaram eles a Portugal?


Quem foram os protagonistas desse movimento?


Que acontecimentos políticos marcam a 1ª metade do século XIX, em Portugal?


Quem é o introdutor do Romantismo, em Portugal?


Destaque alguns episódios da sua vida pessoal que permitem que Garrett possa ser caracterizado como uma “personagem” romântica.


2. Qual a perspectiva romântica sobre:


  • o indivíduo e a sociedade;
  • a nação/pátria;
  • a História e o passado;
  • os mitos: o Sebastianismo;
  • a evasão: espaço/tempo/ imaginação (sonho);
  • o locus horrendus;
  • o amor e a mulher;
  • os estados de espírito.



domingo, 16 de novembro de 2008

José Saramago: no dia do seu aniversário


ESTE MUNDO DE INJUSTIÇA GLOBALIZADA

(...)

E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingénuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efectivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que actualmente vimos chamando democracia. E não o é.
(…)
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo. (…)

(Sublinhados meus)

Excerto de um texto lido na cerimónia de encerramento do Fórum Social Mundial 2002

In http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000302.pdf
--
(
--

Apresentação dos Textos Argumentativos

A apresentação dos trabalhos dos alunos sobre temas relacionados com os Direitos Humanos ou sobre outras questões controversas da actualidade foi programada para a próxima semana:

-20 de Novembro: 11ºB;

-21 de Novembro: 11ºC e 11ºE.

Essa apresentação terá lugar na sala 100, já reservada para esses dias, para que, de acordo com sugestões dos alunos, possam usar recursos que melhor fundamentem a sua argumentação: filmes, dramatização, entrevistas...

Cada grupo, constituído por 2/3 alunos, dispõe de cerca de 10 minutos para apresentar e debater o seu trabalho.
--

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O poder das imagens



Quem não reconhece as figuras representadas

neste painel de azulejos da Sé de Lisboa??

env

---i

Fotografia enviada pela Patrícia e pelo Fernando, 11º E

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ainda os Direitos Humanos


O João (11º B) sugeriu, em mensagem, este site sobre os Direitos Humanos: o desrespeito total.


http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEFylElEkVcmcYjraa

Grata, João! Disponibilizo aqui esse site, bem visível, para que todos o possam consultar!
-------------------------------------------------
Acrescento outro enviado, também, pelo João. Direitos Humanos na Europa:
-----
--------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------Brasil, foto retirada deste site.
-

sábado, 8 de novembro de 2008

Argumentar sobre Direitos Humanos


Para ajudar a escolher o tema que irá ser tratado no Texto Argumentativo pelos alunos e que, depois, irá a debate, coloco aqui alguns dos artigos da:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

Artigo 1°

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.(…)

Artigo 4°

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 18°

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 26°

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 29°

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

Nota: reparem que encontramos quase todas estas preocupações no Padre António Vieira!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sendo o mar tão imenso...

A frase do título é do Padre António Vieira. O texto (com algumas adaptações minhas) e o quadro cuja fotografia o ilustra são da Tatiana.

Mar

O manto azul, profundo, inspirador, longínquo e tranquilo
é o mar.
Nesta bela criação da Natureza existe vida,

vida colorida e espontânea.
O mar transmite calma, paz, inspiração, vivacidade.
Mas o mar não é só esse manto azul infinito que nos transmite um misto de sensações,

é muito mais que isso…
----

sábado, 1 de novembro de 2008

Estudar para o teste: apresentação em PP


As questões são apresentadas em PowerPoint. É apenas a concretização de várias tentativas...

---------------Ver AQUI.

....
----
~~~~
-------
-------------------
-(S. Martinho do Porto,
fotografia enviada pela Tatiana, 11º E)
Fotografia

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Estudar para o teste

Para ajudar a estudar, aqui estão várias questões que permitem rever o que é necessário saber para o teste da próxima semana. Têm de consultar o texto integral para responderem às perguntas e a localização dos parágrafos remete para o Manual, onde se encontra o Sermão.

I

“Antes porém que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões".

( Sermão de St António aos Peixes, IV Parte, Padre António Vieira)

1. Indique as finalidades das “repreensões” aos peixes.

2. Qual o grande defeito apontado aos peixes/homens?

2.1. Esse defeito geral vai sendo amplificado e desdobrado em outros com ele relacionados. Explicite-os.

3. Vieira exemplifica largamente o defeito. Mostre como, nos 2º e 4º parágrafos, a exemplificação vai consistir na inversão da alegoria do sermão.

4. No décimo parágrafo um outro defeito é apontado. Indique-o.

5. Procure sintetizar os argumentos utilizados por Vieira para persuadir o auditório a mudar a sua conduta de antropofagia social.

6. Reparou que este capítulo é mais combativo e sustentado em inúmeros recursos estilísticos. Dê exemplos e comente a expressividade de:

- anáforas
- simetrias
- gradações
- antíteses
- personificações
- interrogações retóricas.


II

"Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós".

(V Parte).

1. Os roncadores os pegadores, os voadores e o polvo são os peixes cujo comportamento é analisado em particular.

1.1. Refira os tipos humanos representados pelos três primeiros.

1.2. Interpretando a simbologia do discurso, caracterize cada um desses tipos humanos.

1.3. Indique a atitude que o orador assume face a cada um e o conselho que lhe dá.

2. Atente nos parágrafos 15 e 16 correspondentes ao polvo. O polvo, como configuração de um tipo humano, é caracterizado na sua aparência e na sua essência.

2.1. Que características possui na aparência?

2.2. Que traços são apontados ao nível da essência?

2.3. Que consequência advém, para os outros, da oposição entre aparência e essência?

2.4. Aponte exemplos e comente a expressividade do uso de:


- metáforas
- comparações.


III

“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. (…)
Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra?”
(I Parte).


Identifique:

- tempos verbais predominantes
- pronomes pessoais e possessivos
- formas nominais (substantivos e adjectivos)
- conectores do discurso.

--
-

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pedra ou Palavra?


A Mariana, tal como prometera, enviou, em mensagem, este belo excerto de um outro Sermão do Padre António Vieira, o Sermão do Espírito Santo.

Publico-o aqui para que todos leiam este pequeno texto: ele exprime bem a importância que o "nosso" pregador atribui à palavra, à construção da frase, ao estilo. O escritor deve ser sempre como um escultor (estatuário) que, pouco a pouco, vai modelando e aperfeiçoando a sua Obra de Arte.

O ESTATUÁRIO

«Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, - primeiro, membro a membro, e depois feição por feição, até à mais miúda; ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos; aqui desprega, ali arruga, acolá recama; e fica um homem perfeito, e talvez um santo que se pode pôr no altar.»

Padre António Vieira, Sermão do Espírito Santo

(Fotografia: Pormenor da ponte Carlos, em Praga)
--

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sugestão de consulta on line






Sugiro que consultem este site, onde
encontram uma boa abordagem ao estudo do Sermão de Santo António aos Peixes.










------------------------------------------------------------------ (Navegando no Mar do Norte)
-

domingo, 19 de outubro de 2008

Infelizmente, sempre actual...

Porque há quem não esqueça que existem Valores de Liberdade, de Responsabilidade, de Justiça, de Respeito pelos Direitos Humanos, transcrevo um excerto de um poema de Jorge de Sena (1919-1978). Reparem como, em pleno século XX, as preocupações do Padre António Vieira se mantinham actuais! E ainda hoje...
Sempre?? receio que assim seja!!
---
CARTA A MEUS FILHOS
sobre os fuzilamentos de Goya
--
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
(...)
--
(sublinhados meus)
-
-

domingo, 12 de outubro de 2008

A resposta do Padre António Vieira

No Sermão de Santo António aos Peixes, encontramos a resposta, o que se passava realmente no Brasil (só?), no tempo do Padre António Vieira:

"Porque os grandes que têm o mando das cidades e províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos, senão que devoram e engolem os povos inteiros(...).

(Sermão, IV Parte)
-

E assim sentiriam os Portugueses?

(ficção entre um índio e um português)

“Brasil, 18 de Novembro de 1623.

O Sol ainda nascia e os meus homens já estavam de pé.
-Prontos para mais um dia de vitória?
-Sim! – respondiam eles cheios de garra e com uma estrondosa vontade de conquistar a correr-lhes nas veias.
Mais uma vez os indígenas ofereceram resistência, ameaçaram-nos com arcos de madeira e paus afiados, como se isso pudesse fazer frente às nossas armas de fogo. Ridículo. Será que não percebem que não têm a mínima hipótese? Nós fomos feitos para conquistar, eles para trabalhar. Ordenar é o nosso dever, cumprir é a obrigação deles.
Essa gente de que vos falo tem várias línguas, nem vale a pena esforçarmo-nos para as entender. Um disparo funciona muito melhor do que qualquer outra palavra. Eles até são bons trabalhadores, fortes, com espírito de equipa e uma grande organização em comunidade. Ainda vos digo mais, meu povo, estes indígenas, quando têm bons dentes, são vendidos, o que nos favorece bastante as trocas comerciais.
Através deles já conseguimos obter muito cacau, pimenta, cravo, baunilha, e outras especiarias que nos tornam mais ricos. O problema são os franceses, têm invadido pelo litoral, mas os índios também são bons para proteger.
À noite, eu e a tropa que comando reunimo-nos e vemos o balanço do dia. Há cada vez mais indígenas a morrer, eles não resistem às nossas doenças, não percebo. A extracção de iguarias foi boa, nem tudo vai mal.
(...)

Às vezes um sentimento de culpa invade-me a cabeça, ou direi a alma? Não que sinta remorsos, quer dizer, talvez sinta e não queira admitir. Bem, não interessa. Tenho de me concentrar nos meus objectivos, naquilo que mudará o rumo da pátria.
(...)

Não interessa quantas pessoas irei matar,
Ou quantas famílias irei destruir.
Eu fui feito para lutar,
O meu rumo é descobrir.”


(Sublinhado meu)

Trabalho da Maria João, 11ºE (conclusão).
-
-

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Assim sentiriam os Índios do tempo do Padre António Vieira?

O contacto do mundo “civilizado” com o “outro” mundo
(ficção entre um índio e um português)



“Brasil, 1623.

Não sei bem por onde começar, morreu mais um filho meu e como chefe da tribo que sou não posso mostrar a minha parte fraca. Já não é a primeira morte com que tenho que lidar, aqueles brancos vindos da terra maldita continuam a matar a minha gente. Invoquei todos os espíritos que o meu avô um dia me ensinou, tentei resolver todos os problemas entre a comunidade, mas nada parece resultar.
Isto não era assim, não havia necessidade de ser assim. Porquê deus Sol? Porquê mãe Terra? Sempre te adoramos, sempre colhemos o teu fruto e dele fizemos nosso alimento. Várias foram as danças e as cantigas que fizemos para honrar os nossos deuses, e para quê? Não, não vou deixar que isto abale a minha fé, é das poucas coisas que me restam.
No início tudo era diferente, vieram uns brancos e foram bons connosco. Hoje percebo que tudo não passava de uma farsa. Usaram-nos para defender a costa de outros brancos que eles não gostavam (franceses), usaram-nos para extrair riquezas que somente eles usufruíam (pau-brasil). Mas isso nem foi o pior. Depois chegaram mais brancos, mais e cada vez mais. Ocuparam nossas terras, levaram nossas mulheres. Trouxeram maldições que acabaram com a nossa aldeia, nem os rituais nem a nossa magia conseguiram salvar os meus familiares. Somos cada vez mais escravos daquela gente horrível, sentimo-nos cada vez mais fracos.
Agora pergunto: para quê? Não plantamos guerra, não sabemos sequer a língua deles! Não precisamos de ser ricos, nós caçamos o que comemos, nossa loiça é feita da mais simples argila, nossas armas de madeira pura são. Digam-me minha gente, digam-me seus brancos cheios de maldade, não poderá haver um consenso? Não poderão vós partir para vossas terras e deixar as minhas em paz?
Vou voltar à fogueira e cantar mais um pouco na esperança de que tudo vai melhorar e que amanhã os brancos já terão abandonado a aldeia.


Obrigado mãe terra pelo bem que nos dás,
Nunca o desperdiçaremos
A tua vida é a nossa paz.”
-
(Sublinhado meu)

Trabalho da Maria João, 11ºE, 1ª Parte
-

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Barroco


Vários alunos escolheram, como tema de trabalho de pesquisa, o Barroco.

E todos chegaram à mesma conclusão, inevitável!:


  • um estilo “emocional”, que pretendia deslumbrar e pasmar o observador;

  • a exuberância no que tocava à decoração, profusa e espectacular, a teatralidade;

  • na pintura, o contraste claro/ escuro, pretendendo transmitir uma sensação de profundidade.

Narciso, de Caravaggio
(imagem da web)


O Homem de Seiscentos vive num estado de tensão e desequilíbrio, do qual tenta evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria. E o rebuscamento é o reflexo do conflito entre o terreno e o celestial, o Homem e Deus, o pecado e o perdão, o material e o espiritual.


Reparem neste excerto de um poema de Jerónimo Baía, um poeta do Barroco, exemplo dessa tensão entre o religioso e o profano, onde a exaltação dos sentidos se faz através da evocação do Menino Jesus:

Ao Menino Deus em metáfora de doce

- Quem quer fruta doce?
- Mostre lá! Que é isso?
- É doce coberto;
É manjar divino.


- Vejamos o doce;
Compraremos todo,
Se for todo rico.


- Venha ao portal logo;
Verá que não minto,
Pois de várias sortes
É doce infinito.


- Desculpa, minha alma.
Mas ah! Que diviso?!
Envolto em mantilhas,
Um Infante lindo!


- Pois de que se admira,
Quando este Menino
É doce coberto,
É manjar divino?


(...)
Nota: Estas notas foram elaboradas, recorrendo aos trabalhos apresentados pelos alunos.
-

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Dia Internacional da Música



Hoje, ao longo da aula do 11º C, tivemos, como música de fundo, as Quatro Estações de Vivaldi que o Lúcio tinha no Mp3. Como Vivaldi é um compositor do Barroco, da mesma época do Padre António Vieira, coloco aqui a peça musical, retirada do youtube, para que os restantes alunos, que hoje não tiveram aula comigo, possam também usufruir...

Seleccionei o "Outono", para saudar este Outono!

Vivaldi, "Outono" de As Quatro Estações

Ah!! e foi a Francisca que desencadeou isto tudo!! ela é que lembrou que era o Dia Internacional da Música!

O poder das palavras

Iremos começar com a leitura do Sermão de Santo António aos Peixes do Padre António Vieira, que é um dos melhores prosadores da língua portuguesa. E, a propósito, lembrei-me deste lindíssimo poema de Eugénio de Andrade, que remete, precisamente, para a importância da Palavra:

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
-

domingo, 28 de setembro de 2008

Ler: continuação da mensagem anterior

Um Livro:

  • ensina-nos a sonhar com mundos diferentes e fantásticos;
  • transmite conhecimentos ou é, simplesmente, para nosso deleite, faz companhia, amigo das horas vagas; um livro por ler são páginas em branco à espera de serem preenchidas pela vida de alguém;
  • exprime sentimentos e sabedoria;
  • tem páginas abertas para o conhecimento;
  • ajuda-nos a ver e aprender como é o mundo e a vida;
  • com os livros aprendemos a escrever, a falar, a criar, a imaginar;
  • ler[poesia]faz-me reflectir sobre a escrita e sentir os sentimentos do poeta;
  • ler é entrar num mundo que não nos pertence, observar de perto vidas que não são as nossas;
  • objecto de libertação de sentimentos;
  • um livro é um tempo e um espaço por descobrir;
  • com um livro aprendemos, sonhamos, rimos e choramos;
  • com um livro alargamos os horizontes da nossa imaginação;
  • um livro é uma experiência;
  • é uma porta que nos permite ir a qualquer parte do mundo, do espaço.
  • para quê inventar com tanta história para contar?

Já li livros que me levaram a sítios maravilhosos, onde tudo o que queremos pode acontecer.
Um livro é um amigo que nos acompanha e se encontra perto de nós a qualquer hora do dia: mais um amigo, mais um mundo, mais um novo universo. É uma voz que nunca pode ser calada, uma fome impossível de saciar!
-
Excertos de textos dos alunos do 11º B, por mim adaptados.
.

A Importância de Ler

Um Livro é:

  • fonte de informação;
  • um “caderno” cujas palavras muitas pessoas gostam de desvendar;
  • um objecto repleto de todos os tipos de palavras: palavras doces, amargas, inocentes, rancorosas;
  • um objecto a que podemos recorrer em todos os momentos: explica-nos, interroga, ensina;
  • um amigo com quem podemos aprender de tudo;
  • um contador de histórias;
  • um refúgio a que podemos recorrer sempre que queremos, uma porta para a nossa libertação;
  • uma viagem a um mundo diferente;
  • uma fonte de conhecimento ou entretenimento;
  • uma fuga à realidade;
  • algo entre a necessidade e o entretenimento.

Um livro mostra-nos novas formas de encarar a vida.
Há livros a que nos entregamos como se entrássemos na história, que nos fazem imaginar e sonhar.
Um livro revela-nos novos saberes, leva-nos a imaginar novos lugares e novas histórias, nele está sempre um mundo por descobrir.
Um livro acompanha-nos ao longo da nossa vida, faz-nos sentir bem, dá-nos tranquilidade.

Excertos de textos dos alunos do 11º C, por mim adaptados.

domingo, 21 de setembro de 2008

Outra "versão"

Como não se consegue aceder na mensagem anterior às obras referidas, decidi editar esta com os endereços visíveis:

http://www.portoeditora.pt/bdigital/pdf/NTSITE99_SerStoAntPeix.pdf (Sermão de Santo António aos Peixes);

http://www.portoeditora.pt/bdigital/pdf/NTSITE99_FreiLuisSou.pdf (Frei Luís de Sousa);

http://www.portoeditora.pt/bdigital/pdf/NTSITE99_Maias.pdf (Os Maias);

http://www.bored.com/ebooks/World_Literature/portuguese/livro%20de%20cesario%20verde.html (O Livro de Cesário Verde).

Fica feio, mas é eficaz!!

Português, 11º Ano

Conteúdos programáticos do 11º Ano:

Nota: Disponibilizo o endereço electrónico destas obras, mas apenas para consulta on line. Nas aulas, o uso do livro é indispensável!


sábado, 20 de setembro de 2008

Recomeçar...


A página em branco... Como recomeçar?

Sei da espécie de "angústia" que os artistas sentem perante a página em branco. Nunca pensei que o mesmo pudesse acontecer a alguém que escreve para um blogue.

Iniciei o ano passado este projecto, sem fazer ideia que rumo iria tomar. Iria ser necessária alguma auto-disciplina para que ele não ficasse pelo caminho... Os meus alunos foram os meus leitores. E escrever, tendo consciência de que somos lidos, é um incentivo precioso, que não nos deixa desistir!

Com muito poucos conhecimentos "técnicos", aventurei-me... Experimentei, pedi ajuda, mas suponho que a ajuda-maior que recebi foi a participação dos alunos, o diálogo que conseguimos manter. Não queria, nem seria capaz!! que fosse um blogue "apenas" com conteúdos formais. Daí que, por vezes, ele tenha um certo cariz "intimista", reflexo/continuidade das aulas. Depois, por acréscimo, "arrumava" aqui a matéria que achava relevante. O feed back excedeu as minhas expectativas!!


E, este ano, o percurso continuará... Mas não conseguiria recomeçar sem, primeiro, fazer estas reflexões!

São as boas-vindas aos novos alunos! e o meu reconhecimento aos alunos do "ano primeiro"!



terça-feira, 16 de setembro de 2008

Novo ano lectivo



Setembro, 2008: início de um novo ano lectivo.

Turmas novas: 11º B, 11º C e 11º E.

E, de novo, a vontade de estabelecer o diálogo, a comunicação com os alunos. Publicar os seus trabalhos.

O lema da António Arroio, Amo-Te, permanece no título.

Ano lectivo 2008/2009, Português, 11º Ano.


quinta-feira, 5 de junho de 2008

Que fazer com este blogue?

A pergunta de quem chega ao fim de uma experiência que foi gratificante. E a resposta será, obviamente, continuar!!
Para terminar este ano lectivo, transcrevo um poema de Sebastião da Gama (que foi também professor):

O Sonho

Pelo sonho é que vamos,

Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que Vamos

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Outros poetas...

No fim do ano, ainda há quem tenha inspiração:

Ele não vem.
E os meus tristes pés estão cansados
de aguentar a seca verticalidade do meu oco ser.
Quero ir para longe destes corpos iluminados,
onde a janela que dá para o caos
do mundo antigamente moderno,
bloqueia toda a luz, iluminando apenas
a minha cama solitária. Surda de todo o barulho do mundo...

A cidade de Cesário Verde

Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

De "O Sentimento de um Ocidental", II Parte, Cesário Verde

Fotografia da autoria do Afonso, 11º A

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Deambulando pela Poesia de Cesário Verde, II


Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!...

Do poema "Deslumbramentos", Cesário Verde
Trabalho da Sara Assunção, 11º G

Deambulando pela Poesia de Cesário Verde, I



Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.


De “A Débil”, Cesário Verde
Trabalho da Vera, 11º A
(o desenho é da aluna)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

E, por fim, Cesário Verde!

Proh Pudor

Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada e langorosa.

Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania,
Aquela concepção vertiginosa.

Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...

Todas as noites ela, ah! sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...

Cesário Verde


Que destacar neste poema?

  • o amor?o erotismo?
  • a originalidade? a modernidade?

Nota: Não esqueçam que foi escrito na 2ª metade do século XIX.



domingo, 4 de maio de 2008

Concluindo: Os Maias, Capítulos XIII a XVIII

Capítulo XIII

  • Carlos leva Maria Eduarda à Toca, a casa dos Olivais;
  • descrição da decoração do quarto;
  • ruptura de Carlos com a Condessa de Gouvarinho.

    Comentário:
  • alguns pormenores da decoração do espaço são presságios: “[…]os amores de Vénus e Marte[…]” (p 433); “[…] o leito de dossel[…] como erguido para as voluptuosidades grandiosas de uma paixão trágica[…]” (p 434); “[…] uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu sangue, dentro de um prato de cobre.” (p 434); “[…] uma enorme coruja empalhada[…]” (p 434);
  • o espaço físico é, assim, transformado em espaço psicológico: “Mas Maria Eduarda não gostou destes amarelos excessivos.[…] achava impossível ter ali sonhos suaves.” (p 434).

Capítulo XIV

  • Maria Eduarda vai ao Ramalhete;
  • Castro Gomes, seu suposto marido, vai ter com Carlos, mostrando-lhe uma carta anónima, mas avisando-o de que não são casados.

    Comentário:
  • aparece mais um presságio: Maria Eduarda, quando vê o retrato do pai do Carlos, comenta que o acha parecido com sua mãe.

Capítulo XV

  • Maria Eduarda conta a Carlos a sua infância e juventude e, perante a revelação de um passado tão amargo, Carlos decide casar com ela;
  • um jornal, a “Corneta do Diabo”, publica um artigo anónimo onde Carlos é ultrajado numa linguagem quase obscena;
  • Ega suborna o director do jornal, Palma Cavalão, que lhe revela que o autor do artigo foi o Dâmaso;
  • Ega obriga-o a escrever uma carta onde ele se confessa um alcoólico inveterado, vítima de um vício hereditário; deste modo, Ega aproveita também para se vingar do facto de Dâmaso lhe ter “roubado” a Raquel Cohen.

    Comentário:
  • analepse: recuo ao passado de Maria Eduarda;
  • crítica ao “jornalismo” de pasquim e a quem se deixa subornar para publicarseja o que for;
  • crítica à cobardia de Dâmaso;
  • influência do Realismo/Naturalismo, quando se refere à hereditariedade (o suposto alcoolismo de Dâmaso).

Capítulo XVI

  • episódio do Sarau do Trindade, onde, mais uma vez, desfilam as várias personagens-tipo;
  • o Sr. Guimarães chega de Paris e revela a Ega que Maria Eduarda e Carlos são irmãos, o que pode comprovar com os documentos que guarda num cofre.

    Comentário:
  • Crítica social: todos discutem desordenadamente e todos se querem mostrar, mas a ignorância, o provincianismo vêm ao de cima, quando uma das senhoras nem sequer sabe quem foi Beethoven e fala da “Sonata Pateta”(Patética).
  • Este é um dos capítulos mais importantes da intriga, porque nele se encontra o momento da agnórise, o reconhecimento (influência da tragédia grega) e que já se fizera “anunciar” por vários presságios ao longo da narrativa.
  • O tema é o incesto, a relação tabu e proibida entre dois irmãos, vítimas de circunstâncias que desconheciam, vítimas inocentes dos actos dos progenitores (neste caso, a mãe, Maria Monforte).
  • Os dois níveis da acção aqui “cruzam-se”, porque o incesto é motivado por outras causas que são também alvo da crítica social nos romances Realistas/Naturalistas: o comportamento adúltero das mulheres, a influência negativa do Romantismo.

Capítulo XVII

  • é revelada a Carlos a verdade;
  • Carlos, por sua vez, conta também ao avô;
  • vai a casa de Maria e dorme com ela, mesmo já sabendo que é sua irmã;
  • Afonso morre;
  • os irmãos, inevitavelmente separam-se e partem para o estrangeiro.

    Comentário:
  • É o momento da katastrophé( catástrofe), quando as consequências terríveis se abatem: Afonso, aquele que resistira a tantos desgostos de família, sucumbe. É ele, verdadeiramente, a vítima inocente. Morre a personagem que se mantivera, ao longo de toda a vida (e narrativa), coerente, genuína, verdadeiramente “civilizado”.

Capítulo XVIII

  • Carlos regressa a Lisboa, após uma ausência de 10 (dez) anos e passeia com Ega pela capital;
  • esse passeio revela que tudo permanece na mesma, principalmente as pessoas: ociosas, “moços tristes”, “mocidade pálida”(p 702);
  • voltam ao Ramalhete, agora abandonado, e embora reste uma sensação de falhanço, não há qualquer sentimento de remorso em Carlos.

    Comentário:
  • tempo cronológico: elipse e prolepse( omissão de acontecimentos e consequente avanço no tempo, 10 anos);
  • tempo psicológico: “Só vivi dois anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira!” (p 714);
  • espaço físico: Lisboa e os vários locais por onde vão passeando: o Loreto, o Chiado, Rua Nova do Almada, a Avenida, o Ramalhete;
  • espaço social: as pessoas que “povoam” esses espaços: “vadios, de sobrecasaca, politicando..”(p 697); “Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...” (p 697);
  • espaço psicológico: o Ramalhete abandonado: “ Em baixo, o jardim[…] tinha a melancolia de um retiro esquecido, que já ninguém ama[…]”.(p 710)
  • as personagens reconhecem o falhanço: “- Falhámos a vida, menino!”(p 713). E, de acordo com o Realismo/Naturalismo, isso deve-se à ociosidade, ao tédio, à degradação moral, ao Romantismo, à religião, à educação. E ambos, Ega e Carlos, o “escritor” e o médico falhados, correm apenas para o que sempre tinham “corrido” na vida: para chegarem a tempo do jantar, isto é, a satisfação das suas necessidades primárias e básicas. Porque nunca tinham lutado “- Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder…”(p 716).