Vários alunos escolheram, como tema de trabalho de pesquisa, o Barroco.
E todos chegaram à mesma conclusão, inevitável!:
- um estilo “emocional”, que pretendia deslumbrar e pasmar o observador;
- a exuberância no que tocava à decoração, profusa e espectacular, a teatralidade;
- na pintura, o contraste claro/ escuro, pretendendo transmitir uma sensação de profundidade.
Narciso, de Caravaggio
(imagem da web)
O Homem de Seiscentos vive num estado de tensão e desequilíbrio, do qual tenta evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria. E o rebuscamento é o reflexo do conflito entre o terreno e o celestial, o Homem e Deus, o pecado e o perdão, o material e o espiritual.
Reparem neste excerto de um poema de Jerónimo Baía, um poeta do Barroco, exemplo dessa tensão entre o religioso e o profano, onde a exaltação dos sentidos se faz através da evocação do Menino Jesus:
Ao Menino Deus em metáfora de doce
- Quem quer fruta doce?
- Mostre lá! Que é isso?
- É doce coberto;
É manjar divino.
- Vejamos o doce;
Compraremos todo,
Se for todo rico.
- Venha ao portal logo;
Verá que não minto,
Pois de várias sortes
É doce infinito.
- Desculpa, minha alma.
Mas ah! Que diviso?!
Envolto em mantilhas,
Um Infante lindo!
- Pois de que se admira,
Quando este Menino
É doce coberto,
É manjar divino?
(...)
Nota: Estas notas foram elaboradas, recorrendo aos trabalhos apresentados pelos alunos.
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