quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Atenção!

O Frei Luís de Sousa foi escrito no século XIX por Almeida Garrett, mas a acção decorre no século XVII.

Não confundam, por favor!!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

"Recado" aos meus alunos...

À medida que forem consultando o blog, gostaria que deixassem um comentário. Ajuda-vos a prestar mais atenção à leitura e ajuda-me a mim. As apreciações ao nosso trabalho são sempre importantes para continuarmos!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Frei Luís de Sousa: Tragédia ou Drama?

O Frei Luís de Sousa é uma tragédia porque:

  • as personagens desafiam o Destino (hybris): Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho sem ter a certeza de que o primeiro marido está morto e Manuel incendeia o seu palácio para não receber os governantes castelhanos;
  • o sofrimento e a aflição das personagens vai-se acentuando, à medida que a acção progride (clímax e pathos) e atinge também os “inocentes” (Maria, a filha);
  • há uma mudança repentina na acção (peripateia –“peripécia”), desencadeada por alguém que vem de fora, sucedendo o “reconhecimento” (anagnorise): o Romeiro é identificado como D. João de Portugal, o primeiro marido de D. Madalena;
  • a partir deste momento, é impossível evitar a “catástrofe”(katastrophé): as consequências terríveis que atingem todos os que estão próximos de quem desafiou o Destino;
  • Maria morre e os pais “morrem para o mundo”, vão para o convento;
  • a catharsis (purificação) é feita pelo despertar no público de dois sentimentos: o terror e a piedade( referidos por Almeida Garrett na Memória ao Conservatório Real);
  • Telmo e Frei Jorge têm um papel semelhante ao do Coro das tragédias gregas, tentando confortar as personagens.



O Frei Luís de Sousa é um drama romântico porque:

  • a acção decorre numa época histórica de resistência, de afirmação e defesa do nacionalismo (século XVII, perda da independência, ocupação castelhana);
  • remete para a crença no mito do Sebastianismo: D. Sebastião tinha “desaparecido” em Alcácer- Quibir e o seu regresso era a esperança que restava para a recuperação da independência de Portugal;
  • referências várias a Camões, poeta de expressão do patriotismo;
  • afirmação constante do nacionalismo, com a rejeição da presença dos castelhanos em território português;
  • crença no regresso do morto-vivo, “personagem” de inspiração medieval ( D. João de Portugal);
  • expressão hiperbólica de sentimentos, de estados de alma, frequentemente contraditórios e caóticos;
  • crença em agoiros, superstições, simbologia premonitória dos sonhos (Madalena, Maria e Telmo);
  • o cristianismo: Madalena e Manuel encontram o conforto na crença em Deus e na ida para o convento, em vez da morte violenta das tragédias;
  • uso da prosa ( e não o verso, como era habitual na tragédia);
  • divisão em três Actos ( e não os cinco da tragédia);
  • não existe unidade de tempo nem de espaço: a acção não decorre em 24 horas nem no mesmo lugar;
  • linguagem que exprime os estados de espírito das personagens: apóstrofes, frases exclamativas e interrogativas, frases inacabadas (com reticências), hipérboles……

Memória ao Conservatório Real

Tópicos da Memória ao Conservatório Real de Almeida Garrett:



  • os factos históricos portugueses são marcados pela simplicidade;


  • essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);


  • na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;


  • da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” o próprio Frei Luís de Sousa, um dos melhores prosadores da língua portuguesa;


  • consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;


  • uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;


  • sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;


  • no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflecte, mas influencia, também, a sociedade;


  • refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro ambulante a que assistiu, ainda jovem; mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação; mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez;


  • afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;


  • e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;


  • assim, uma vez que já não há Mecenas, tudo o que se escreve tem de ir ao encontro do gosto do leitor, e o leitor «quer verdade»;


  • a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Quem foi Frei Luís de Sousa?


Frei Luís de Sousa (Manuel de Sousa Coutinho)
(c.1555 - 1632)

Escritor e sacerdote português, natural de Santarém. Mudou de nome ao ingressar na vida religiosa, em 1613, como era prática usual nas ordens religiosas.
Foi nomeado cavaleiro da ordem de Malta por volta de 1572, tendo estado cativo em Argel e viajado pelo Oriente e pelas Américas. Esteve ao serviço de Filipe II e casou com D. Madalena de Vilhena, mulher de D. João de Portugal, que desaparecera na batalha de Alcácer Quibir. Em 1559, havia sido nomeado capitão-mor de Almada.
Nesse mesmo ano, destruiu o seu palácio pelo fogo, não permitindo assim que os governadores do reino, fugindo à peste de Lisboa, nele se refugiassem.
Em 1613, Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena decidiram professar — ele, no convento de São Domingos, em Benfica, e ela, no convento do Sacramento. Um biógrafo atribuiu esta decisão à notícia de que D. João de Portugal se encontrava, afinal, vivo, tornando ilegítima a união do casal.
Escreveu vários livros, destacando-se a Vida de Frei Bartolomeu dos Mártires e História de São Domingos.

Foi na vida "misteriosa" deste homem que Almeida Garrett se inspirou para escrever o Frei Luís de Sousa.

Excertos de http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=2_392
Imagem: rascunho de página do Frei Luís de Sousa, escrito por Almeida Garrett.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Apresento-vos Almeida Garrett:


Antes de começarmos a estudar o Frei Luís de Sousa, leiam este poema de Almeida Garrett:


Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.


Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!


Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.


Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?


E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.


E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.


in Folhas Caídas



quinta-feira, 8 de novembro de 2007

terça-feira, 6 de novembro de 2007

A música no tempo do Padre António Vieira e... de Frei Luís de Sousa

Antonio Vivaldi(1678-1741), compositor de música barroca italiana.

Podem ouvir "Outono" de As quatro estações em:


http://www.youtube.com/watch?v=hrkOnEkFYLk

domingo, 4 de novembro de 2007

Balanço (definitivo!)

Encerrou o prazo para envio ou entrega dos trabalhos.

11º A: 16 trabalhos.
11º B: 14 trabalhos.

11º D: 5 trabalhos.

Vamos entrar em semana de testes e, depois, "matéria" nova!

P.S. : Não se esqueçam de ir lendo o Frei Luís de Sousa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Argumentar sobre temas actuais

O aborto

"A proibição do aborto leva as pessoas a praticarem o aborto ilegal, que, na maior parte dos casos, é realizado sem as mínimas condições. (…) Poderia haver mais informação sobre os métodos contraceptivos para evitar que as pessoas abortem (…) e devem ser sempre seguida por psicólogos.
O aborto deve ser legal, pois há situações em que não é sensato ter uma criança. Se uma rapariga de catorze anos engravidar, o seu corpo tem poucas hipóteses de estar preparado para ter uma criança(…); pode, inclusivamente, ter sido vítima de agressão, ou mesmo de violação e a criança estar deformada(…); o aborto, em certas situações, é algo que deve ser, no mínimo, considerado. (…) Uma mulher não deve abortar “sempre que pode”, deve ter cuidado, pois o aborto é apenas para ser feito em casos de emergência.(…). As mulheres devem ser honestas e devidamente acompanhadas, antes e após o aborto, tendo em conta o seu historial médico(…).
Sim, o aborto deve ser praticado unicamente como última medida."

"O aborto continua, hoje em dia, a ser considerado um acto condenável a vários níveis.(…). Se a concepção é levada a cabo por apenas duas pessoas, porque será que tantas entidades se interpõem na decisão dos progenitores?
O facto é que o aborto é algo de mau para a mulher, tanto física como psicologicamente. Será que alguém se importa com a dor psicológica que advém dessa intervenção que irá marcar para sempre não só a mulher, mas também as pessoas que a amam (…)?
A vida é preciosa, mas quando não existem condições para ela, o que é a vida?"

"Eu concordo com a lei do aborto (…). Existem adolescentes e até crianças que engravidam acidentalmente. Estas jovens não têm condições nem maturidade para assumirem o papel de mães (…).
Não deve ser permitido fazer abortos quando nos apetece, ou seja, abusar da lei (…).
Nos casos de violação, (…) as mulheres não têm culpa e não têm de levar a gravidez em frente, quando não o querem.
Com base neste argumentos, posso concluir que concordo com a legalização do aborto, mas esta legalização deve ter limites para que não se possa abusar desta lei."

"O aborto vai contra o direito à vida, (…) porque é matar um ser humano (…). Além disso, ao abortar, estamos a decidir por um ser humano sem lhe dar oportunidade de escolha."

"Esta polémica[do aborto] é alvo de grandes críticas, porque as opiniões dividem-se (…), apesar de, no último referendo, ter ganho o sim ao aborto (…). Concordo que o feto é um ser vivo e não o devemos matar, aliás devemos sempre apoiar a vida, mas, em determinadas situações[razões monetárias, psicológicas, deficiências do filho, violação, sida], mais vale abortar (…).
Cabe à própria mulher decidir se o faz ou não."

Homossexualidade

"A homossexualidade ainda é um assunto polémico. No tempo dos nossos pais e dos nossos avós, era algo desconhecido, ou era “pecado” (…).
Cabe à actualidade mudar este pensamento! É verdade que faz muita confusão(…), mas também é bem verdade que o amor é essencial na vida de duas pessoas, sejam homens ou mulheres(…)."


Legalização das drogas leves

"A pergunta que se me coloca é se será benéfico ou prejudicial a sua legalização no nosso país (…).
Não restam dúvidas que o seu consumo é prejudicial para a saúde (provoca, em certos casos, uma acentuação da esquizofrenia(…). Muitas vezes, verifica-se que os consumidores, por não terem nenhuma informação acerca do que estão a consumir, são enganados (…).
Consequentemente, o Estado devia intervir neste problema(…)."

A corrupção na política

"Muitos políticos são corruptos por terem regalias a mais, o que dá origem aos “apitos dourados” ou aos “sacos azuis”(…)."

Eutanásia

"A eutanásia pode ser dividida em dois grupos: a eutanásia activa e a passiva e, embora com duas classificações possíveis, a eutanásia em si consiste no acto de facultar a morte sem sofrimento a um indivíduo com uma doença incurável ou condições de vida miseráveis. (…) É uma escolha, de modo a evitar a dor e o sofrimento de pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em fase terminal. Trata-se de uma escolha consciente ou informada.(…) Contudo existem numerosos argumentos contra, como os religiosos, éticos, políticos e sociais. (…) Do ponto de vista religioso, a eutanásia é tida como usurpação do direito à vida, que deve ser da exclusividade de Deus (…). Do ponto de vista médico, o mesmo não pode ser juiz da vida ou da morte de alguém (…)."

"A eutanásia (…) é o poder da escolha entre a vida e a morte (…). Pergunto: com que direito alguém pode ser tão egoísta ao ponto de impor a sua vontade (…) só porque o assunto o incomoda?"

"Acho que manter alguém vivo contra a sua vontade é puro egoísmo e falta de sensibilidade (…)."

"Na minha opinião, qualquer pessoa tem direito de pôr fim à vida desta maneira [eutanásia], se assim o desejar; mais vale morrer de uma vez do que ir sofrendo lentamente até morrer, mesmo que esse desejo seja do desagrado dos seus familiares e amigos (…)."

Pena de morte


"A pena de morte não deve nem pode existir(…). Não discordo que certas pessoas cometam atrocidades tais(abuso de menores, violações, massacres), em que a vontade que nos invade é a de as matarmos, mas isso não pode acontecer; por alguma razão, chamam aos humanos animais racionais e a vontade de matar outro ser pode ser considerada tudo menos racional(…). Ao ser executado, o criminoso não paga a sua dívida à sociedade(…)."

"Eu sou contra a pena de morte, porque acho que ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, mas sou a favor da pena perpétua (…)."




Excertos de textos escritos por alunos do 11º D.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

E ainda dizem que não sabem argumentar...

Outro tema: o Racismo.

"Alguma vez viste pássaro a expulsar pássaro? Alguma vez viste peixe sendo escravo de outro?(...) eu e tu somos os únicos que aponta para um dos 'nossos' e diz: Não, aquele, não! Devo assim dizer que 'nós' somos únicos!(...) A cor da minha pele? Da maneira como escrevo e grito para o papel, consegues ver de que cor sou? " (Sublinhado meu)



Excerto de um texto escrito por aluno do 11º D.