(ficção entre um índio e um português)
“Brasil, 18 de Novembro de 1623.
O Sol ainda nascia e os meus homens já estavam de pé.
-Prontos para mais um dia de vitória?
-Sim! – respondiam eles cheios de garra e com uma estrondosa vontade de conquistar a correr-lhes nas veias.
Mais uma vez os indígenas ofereceram resistência, ameaçaram-nos com arcos de madeira e paus afiados, como se isso pudesse fazer frente às nossas armas de fogo. Ridículo. Será que não percebem que não têm a mínima hipótese? Nós fomos feitos para conquistar, eles para trabalhar. Ordenar é o nosso dever, cumprir é a obrigação deles.
Essa gente de que vos falo tem várias línguas, nem vale a pena esforçarmo-nos para as entender. Um disparo funciona muito melhor do que qualquer outra palavra. Eles até são bons trabalhadores, fortes, com espírito de equipa e uma grande organização em comunidade. Ainda vos digo mais, meu povo, estes indígenas, quando têm bons dentes, são vendidos, o que nos favorece bastante as trocas comerciais.
Através deles já conseguimos obter muito cacau, pimenta, cravo, baunilha, e outras especiarias que nos tornam mais ricos. O problema são os franceses, têm invadido pelo litoral, mas os índios também são bons para proteger.
À noite, eu e a tropa que comando reunimo-nos e vemos o balanço do dia. Há cada vez mais indígenas a morrer, eles não resistem às nossas doenças, não percebo. A extracção de iguarias foi boa, nem tudo vai mal.
(...)
Às vezes um sentimento de culpa invade-me a cabeça, ou direi a alma? Não que sinta remorsos, quer dizer, talvez sinta e não queira admitir. Bem, não interessa. Tenho de me concentrar nos meus objectivos, naquilo que mudará o rumo da pátria.
(...)
Não interessa quantas pessoas irei matar,
Ou quantas famílias irei destruir.
Eu fui feito para lutar,
O meu rumo é descobrir.”
(Sublinhado meu)
Trabalho da Maria João, 11ºE (conclusão).
-
-
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Uma nova visão! A visão do "MUNDO CIVILIZADO", a visão positiva, a visão GANANCIOSA, a visão de atingir um fim sem olhar a meios. A visão daqueles que se acham superior a uma RAÇA HUMANA diferente da deles.
Faz me lembrar uma frase que cito: A ganância do ter, não só engoliu o ser e a convivência pacífica, mas até privou a maior parte dos homens de ter o indispensável, para acumular nas mãos de uns poucos o que a todos pertence.
O que falta à HUMANIDADE para ser perfeita é a igualdade, e pode-se dizer que é das poucas coisas que nós nuncas aprendemos pois o defeito da IGUALDADE é o facto de os HOMENS querem ser superiores a todos os outros.
João 11ºB
Carla, não a conheço, mas gostei tanto que tivesse deixado um comentário neste espaço meu e dos meus alunos. São um incentivo precioso as suas palavras!!!
Amanhã, vou "visitá-la"!
MCeleste
Este excerto demonstra o egoísmo e desigualdade existia. A quantidade de ganância que percorre no sangue português, que se aproveitava dos pobres índios, seres racionais iguais a eles, que tanto como estes, pensam e reflectem. Utilizavam-los para seu próprio recurso, beneficiando dos seus trabalhos, tratando deles como autênticos escravos.
Eram homens racistas, que queriam pespegar os seus costumes e religião, sem a qualquer noção de aquilo que tinham encontrado eram pessoas e não animais.
A verdade é que hoje em dia, este tipo de comportamento ainda existe. Há muita população que não tem direito aos seus direitos e que é tratada como lixo.
Finalmente, Beatriz!!!! conseguiu!
E não haja dúvida que é o desrespeito pelo "outro" que nos choca, hoje!
Enviar um comentário