quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Todos os dias são: Dias de Natal!



--O lugar-comum do título deste post é propositado!!--

Natal

(S. Martinho de Anta, 24 de Dezembro de 1966)

Leio o teu nome
na página da noite:
Menino Deus...
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?
Todos os dias nascem
Meninos pobres em currais de gado.
Crianças que são ânsias alargadas
De horizontes pequenos,
Humanas alvoradas...
A divindade é o menos!

Miguel Torga ................................................................................... .......(Fotografia: Vales da Suíça)




quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Ciclos



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Final de 2008: mais um ciclo se cumpriu!

Não quero fazer "balanços"! é cedo, ainda...

(...ainda não é Natal!)

Tenham umas boas férias! Bem merecem!


Só esta liberdade nos concedem
Os deuses: submetermo-nos
Ao seu dominio por vontade nossa.
Mais vale assim fazermos
Porque só na ilusão da liberdade
A liberdade existe.

Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa).
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(Fotografia: Catedral de Estrasburgo)
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domingo, 7 de dezembro de 2008

Outra "personagem" romântica...

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... ou a intemporalidade do Romantismo:


ARTE
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Arte de amar
o que nos dá o luar.
Arte de seduzir
o que nos faz sorrir.
Arte de odiar
sem o querer disfarçar.
Arte de discutir
com um beijo a atingir.
Arte da Liberdade
ultrapassando a tempestade.
Arte de viver
sem pensar em morrer.


Da autoria do Flávio
(11º B)
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Reflexos e Sombras

(Jogo de citações)
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"Não se obliteram facilmente em mim impressões que me entalhem, por mais de leve que seja, nas fibras do coração."

Almeida Garrett, in "Memória ao Conservatório Real"

Citação da citação, blogue Palavras Soltas da Maria João
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Memória ao Conservatório Real


Tópicos da Memória ao Conservatório Real de Almeida Garrett:

  • os factos históricos portugueses são marcados pela simplicidade;
  • essa simplicidade é solenemente trágica e «moderna» (romântica);
  • na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus;
  • da tragédia não usa o verso, preferiu a prosa, talvez para não “ofender” o próprio Frei Luís de Sousa, um dos melhores prosadores da língua portuguesa;
  • consequentemente, se, na forma, esta obra é um drama, na «índole», considera-a uma tragédia antiga;
  • uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”;
  • sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade;
  • no entanto, considera a sua peça “apenas” um drama, porque, tal como a sociedade, a literatura ainda estava em “construção”: a literatura reflecte, mas influencia, também, a sociedade;
  • refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro ambulante a que assistiu, ainda jovem; mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação; mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez;
  • afirma, porém, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética;
  • e justifica essa opção, caracterizando a sua época, o século XIX, como «um século democrático; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz.»;
  • assim, uma vez que já não há Mecenas, tudo o que se escreve tem de ir ao encontro do gosto do leitor, e o leitor «quer verdade»;
  • a verdade encontra-se no passado histórico, porque é “o espelho” do presente: só assim o leitor apreciará, porque só assim entenderá – «é preciso entender para apreciar e gostar».

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dia da Restauração


Dia 1 de Dezembro, dia da Restauração:

A Restauração foi a recuperação da independência de Portugal, em 1640, depois de sessenta anos (1580-1640) de domínio castelhano: Filipe II, Filipe III e Filipe IV de Castela.

D. João IV foi o Rei Português a quem coube restaurar essa independência perdida. Mas os portugueses nunca tinham perdido a esperança e refugiavam-se na crença sebastianista, acreditavam que, um dia, D. Sebastião (ou outro- o Encoberto) regressaria para expulsar os castelhanos.

Reparem como o Padre António Vieira, num dos seus Sermões, o Sermão dos Bons Anos, confere a D. João IV uma legitimidade "divina":

«Nem mais nem menos Portugal, depois da morte do seu último rei. Buscava-o por esse Mundo, perguntava por ele, não sabia onde estava, suspirava, gemia, e o rei vivo e verdadeiro deixava-se estar encoberto, e não se manifestava, porque não era ainda chegada a ocasião;(...) então se descobriu o encoberto Senhor.»

O "encoberto Senhor" era D. João IV!!

(Almeida Garrett vai recuperar o mito do Sebastianismo-o Encoberto-no Frei Luís de Sousa).

Fotografia: D. João IV
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