quinta-feira, 26 de março de 2009

Quase de Férias...







A todos, votos de umas boas Férias, merecidas!


O "postal ilustrado" é o Teatro da Trindade, onde iremos, dia 26 de Abril, assistir à representação de Os Maias.

Observem bem para depois "anotarem" as diferenças!











Teatro da Trindade, 1867 ( da web)
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domingo, 22 de março de 2009

Esboços


(...)

E à tardinha tu não vieste e a Primavera não veio
Porque para ser Primavera seria preciso que tu tivesses chegado
E a minha Primavera não chegou
Só porque tu não vieste

Por onde andas
Que caminhos percorres que não os meus
E as flores que são da Primavera não vieram nos teus braços
E tu não me trouxeste ramos de flores
Porque elas floriram e murcharam
Antes de tu as colheres


Eis o meu ramo de flores!

Loucas as flores que não me deste


(«Floriram por engano as rosas bravas….»)



Monet, " Flores de Primavera"
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Imagem da web
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domingo, 15 de março de 2009

Prenúncio de Primavera...


...com um poema de Alberto Caeiro e o "Hino à Alegria" da Nona Sinfonia de Beethoven:




Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.

Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa).
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segunda-feira, 9 de março de 2009

Os Maias: I Capítulo

No final deste 2º Período, faremos um teste com um excerto do I Capítulo de Os Maias, cujos tópicos mais importantes organizei no ano anterior e que volto a publicar, porque se mantêm actuais.

Espaços: Santa Olávia (espaço rural), Lisboa (espaço urbano).

Tempos:

- Presente: Outubro de 1875;

- Passado: analepse (recuo no tempo) à juventude de Afonso da Maia. Casamento com Maria Eduarda Runa, nascimento do filho, o Pedrinho, ida para Inglaterra; regresso a Portugal, morte da mulher e juventude de Pedro até ao seu casamento, contra a vontade do pai, com Maria Monforte.

Temática importante:

  • A crítica à educação tradicional/religiosa ("beata"), que contribui para deformar a personalidade dos indivíduos (ex: Pedro da Maia);
  • Os excessos, de todo o género, que esse tipo de educação e uma sociedade romântica fomentam (Pedro da Maia);
  • O pragmatismo “inglês” de Afonso da Maia, no que diz respeito à educação e à religião; oposição Afonso/Pedro: força/fraqueza;
  • A ascensão social dos novos-ricos: Maria Monforte e o pai, muitas vezes, através de meios pouco sérios (tráfico de negros);
  • A caracterização de Pedro da Maia, cuja personalidade se deve aos factores, antes referidos e a que se acrescenta o factor hereditariedade (influência do Naturalismo);
  • O aparecimento de presságios, desde o início:

-A família tinha poucos elementos( só avô e neto);

-O Ramalhete sempre tinha sido “fatal” à família Maia;

-Pedro era parecido com um bisavô materno que se tinha suicidado;

-Maria Monforte era de uma beleza clássica, magnífica, comparada à das estátuas gregas;

-A sombrinha escarlate de Maria “derramava” como que uma mancha de sangue sobre Pedro.

Linguagem e recursos estilísticos:

  • A adjectivação com a intenção de descrever pormenorizadamente (característica do Realismo): [Pedro era] “mudo, murcho, amarelo…”(Capt I, p 20);
  • A ironia para acentuar a crítica social, nomeadamente, o uso dos diminutivos: [Pedro] “ aos dezanove anos teve o seu bastardozinho.”(Capt I, p 20);
  • O advérbio de modo com uma função adjectivante: [Afonso] “esteve olhando abstraidamente a quinta…” (Capt I, p 31);
  • A sinestesia ( sugere sensações várias): “ Os passos do escudeiro não faziam ruído no tapete fofo; o lume estalava alegremente, pondo retoques de oiro nas pratas polidas;” (audição, tacto, audição, visão)-(Capt I, p 31);
  • A comparação: “…e a sua face [de Maria Monforte], grave e pura como um mármore grego…” (Capt I, p 29);
  • A metáfora: [Maria Monforte]"... arrastando com um passo de deusa a sua cauda de corte…" (Capt I, p 23).

Nota: A paginação remete para a obra na sua edição de Os Livros do Brasil.