domingo, 16 de dezembro de 2007

Poema(só) para as férias

LIBERDADE


Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto melhor é quando há bruma
esperar por D. Sebastião,
quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar, e o sol que peca
só quando, em vez de criar, seca.


E mais do que isto
é Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças,
nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa


Votos de boas Férias! Até para o Ano...



quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Quase Natal...

Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sitio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois : somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Só hoje...

Deixo aqui esta mensagem, pública e bem visível, aos alunos ( e foram alguns...) que enviaram comentários e mesmo algumas questões às quais, infelizmente, não respondi, porque ficaram "escondidos" e só hoje os encontrei. Já lá estão!
O lapso terá sido do "sistema" ou meu?? Nunca irei descobrir...
De qualquer modo, fica assinalado o vosso contributo!!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Para amenizar...


Já que o poema de Almeida Garrett suscitou tanto interesse, publico um outro para amenizar o estudo:

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?


Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?


Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...


in Folhas Caídas

(Imagem: o Beijo de Klimt)

sábado, 1 de dezembro de 2007

Dia da Restauração


(A propósito do Frei Luís de Sousa...)


Hoje, dia 1 de Dezembro, comemora-se a "restauração" da independência de Portugal, após 60 anos de domínio castelhano(de 1580 a 1640).

A acção do Frei Luís de Sousa decorre durante esse período.