quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Texto Argumentativo

Um dos temas: a Eutanásia.

"Acho que cada um de nós devia morrer dignamente (…). Se o doente estivesse em estado vegetativo, o seu parente mais próximo poderia decidir se devia ou não prolongar a vida (…). Apesar disto, há sempre a hipótese de surgir uma cura para a doença do paciente (…). Na minha opinião, para poder haver eutanásia, legalmente, há que decidir certos parâmetros: que doentes poderão recorrer a ela (…); que médicos a executariam e onde."

"Penso que cada caso deve ser analisado individualmente, com uma avaliação médica, física e psicológica, de modo a entender as razões de querer ter uma morte assistida e entender se o caso se encaixa na legislação. Deve ser, no entanto, uma legislação flexível e bem debatida entre responsáveis clínicos e representantes dos cidadãos, não feita por alguém (como eu) que tem conhecimentos médicos mínimos."

"Existem pessoas que vêem a eutanásia como a forma mais prática de se matarem sem terem coragem de o fazer pelas suas próprias mãos (…).
Portanto, devemos mudar essas ideias erradas das pessoas e fazer uma lei que, em certos casos, permitisse a eutanásia."

"Todas as pessoas têm o direito de escolher o que querem para si (…).
Só não deveria praticar a eutanásia quem acha que só se morre quando 'Deus nos leva' (…). "

"A eutanásia devia ser permitida, a opção e o direito de cada um têm de ser respeitados. E como país livre que somos, a escolha deveria ser um direito…mas teremos assim tanta liberdade?"

"[A eutanásia] é um direito de todos acabar com o sofrimento (…).
Contudo existem argumentos não favoráveis: (…) um familiar pode decidir pela pessoa [em estado vegetativo]. Afinal não sabemos se essa seria a vontade da pessoa, incapacitada de escolher e decidir (…).
Atenção: a eutanásia não é algo obrigatório, é apenas uma opção!"

"Quando um doente está num estado muito mau, os parentes poderiam decidir se queriam acabar com a sua vida. Mas quem são estas pessoas para porem assim fim a uma vida?
(…) Existem muitas razões para legalizar a eutanásia, mas os ‘contras’ são muito fortes e, às vezes, ultrapassam os ‘prós’."

"(…) Vamos considerar os principais objectivos, deveres, prazeres ou acções da vida humana. Cada pessoa tem vida social e pessoal e com ausência de uma delas, já começa a sofrer (…). Agora imaginem se tudo o que foi dito [vida pessoal e social] não tem oportunidade de funcionar, podemos formular a pergunta: 'Qual é o sentido da vida sem tudo isso? Para quê ser um vegetal?'. Logo, a resposta é: 'Não!' (…). "

"Na minha opinião, só há uma razão para a eutanásia não ser legalizada, que é o choque que a mesma causa à sociedade devido à mentalidade das pessoas e à crença religiosa da maior parte (…)."

"Sou a favor da eutanásia pelo respeito ao ser humano e ao seu livre arbítrio (…). Todavia tenho em conta que estes casos devem ser acompanhados, medica e psicologicamente, por especialistas. (…) Um problema que pode surgir é o homicídio por negligência (…).
Esta decisão cabe a cada um, com ajuda profissional e um acordo entre todos os familiares (…)."

"A cada um de nós calhou-nos uma e só uma vida, sobre a qual temos o direito de escolha (…).
Para muitos a morte[eutanásia] é vista como um assassinato; no fim há ou pode haver o sentimento de culpa:'será que iria mesmo morrer? foi a coisa mais acertada?'(…).
Por difícil que seja, deveríamos levar a vida até ao fim, aos últimos momentos, e não pôr fim à vida."


Excertos de textos escritos pelos alunos do 11º G.

domingo, 28 de outubro de 2007

Uma outra(?) visão do Brasil...





NA GOVERNANÇA DA BAHIA, PRINCIPALMENTE NAQUELA
UNIVERSAL FOME, QUE PADECIA A CIDADE.


Que falta nesta cidade?.....................................Verdade
Que mais por sua desonra.................................Honra
Falta mais que se lhe ponha...............................Vergonha.

O demo a viver se exponha,
por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?*...............................Negócio
Quem causa tal perdição?...................................Ambição
E o maior desta loucura?....................................Usura.
(...)
(*socrócio: palavra criada pelo autor, significando "roubalheira").

in Obra Poética, Gregório de Matos(1623-1696) .

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Balanço (provisório...)

Menos de uma semana após ter pedido os trabalhos de pesquisa, o balanço é o seguinte:

11º A: 10 trabalhos.
11º B: 10 trabalhos.
11º D: 3 trabalhos.

O 11º G está a realizar uma outra tarefa que, mais tarde, será divulgada no blog. Mas a sua participação já se encontra em mensagem, devidamente identificada.

Só lamento não poder publicar excertos de todos os trabalhos enviados pelos meus alunos. A selecção foi feita por ordem de chegada.

A professora agradece a vossa colaboração!

P.S. Gostaria que, de vez em quando, deixassem um comentário.

domingo, 21 de outubro de 2007

A Inquisição



"Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão."


Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes,

Capt. V


Imagem retirada de trabalho de aluna do 11º B.

"A bula Licet ad capiendos (1233, Papa Gregório IX), a qual verdadeiramente marca o início da Inquisição, era dirigida aos inquisidores: Onde quer que os ocorra pregar estais facultados, se os pecadores persistem em defender a heresia apesar das advertências, a privá-los para sempre de seus benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os outros, sem apelação, solicitando em caso necessário a ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição, se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas inapeláveis."
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"A Inquisição Católica Romana foi uma das maiores 'desgraças' que ocorreram na história da humanidade. Em nome de Jesus Cristo, sacerdotes católicos montaram um 'esquema' enorme para matar todos os 'hereges' na Europa. A heresia era definida da forma como Roma quisesse definir; isso abrangia desde pessoas que discordavam da política oficial, aos filósofos herméticos (praticantes de Magia Negra), judeus, bruxas e os reformadores protestantes."

Excertos de trabalhos de alunas do 11º D.


Ainda os Índios...


"Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos senão que devoram e engolem os povos inteiros."


Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, Capt.V




"Entre os índios não existiam classes sociais, isto é, todos tinham os mesmos direitos e eram todos tratados do mesmo modo. Costumavam trabalhar todos para o mesmo, dividiam tarefas partilhavam as mais variadas coisas."



"Depois, quando os portugueses começaram a explorar mais a fundo o novo território, escravizaram muitas tribos índias e dizimaram as que se lhes opunham, pois achavam os índios um povo inferior e grosseiro. Por isso achavam ser seu dever civilizá-lo e cristianizá-lo, fazendo-o de forma violenta."



Excertos de trabalhos de alunas do 11º A.



sábado, 20 de outubro de 2007

E os Indios...





"Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não: não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar."

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, Capítulo IV

"As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem directamente com os índios: as populações rurais.
Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de "ladrões", "traiçoeiros", "preguiçosos" e "beberrões", enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, desta forma, todo tipo de acção contra os índios e a invasão de seus territórios. "

"Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo."


Excertos de trabalhos de alunas do 11º A.
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A fotografia é do navio Amistad e foi-me enviada por uma colega. Com a sua permissão e meu agradecimento, a publico!

Os Jesuítas no Brasil



(Para ajudar a contextualizar o Padre António Vieira)


"No princípio do séc. XVII os jesuítas chegam ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e daí para toda a Amazónia. As duas casas, fundadas em São Luís e em Belém, transformaram-se com o tempo em grandes colégios e em centros de expansão missionária para inúmeras aldeias indígenas espalhadas pelo Amazonas. António Vieira, apesar de seus triunfos oratórios e políticos, em defesa da liberdade dos indígenas, foi expulso pelos colonos do Pará, acusado e preso pela Inquisição. Em 1638, Pernambuco é tomada por holandeses protestantes, liderados pelo conde Maurício de Nassau. A resistência organiza-se numa aldeia jesuítica. Dos 33 jesuítas de Pernambuco, mais de 20 foram capturados, maltratados e levados para a Holanda; cerca de 10 faleceram em consequência dessa guerra. No séc. XVII, quando da descoberta das minas e do povoamento do sertão, os jesuítas passavam periodicamente por esses locais.."


"Desde 1549 chegara ao Brasil (Baía), o primeiro grupo de seis missionários liderados por Manuel da Nóbrega, trazidos pelo governador-geral Tomé deSousa. As missões jesuítas na América Latina foram controversas na Europa, especialmente em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como interferência com a acção dos governantes. Os jesuítas opuseram-se várias vezes à escravidão indígena. Fundaram muitos aldeamentos missionários, chamadas Missões...".



"Na educação brasileira os jesuítas foram particularmente importantes, pois foi por ela que vieram até aqui. Foi para educar e catequizar os índios que cruzaram o oceano."
Excertos de trabalhos dos alunos do 11º B.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dia Mundial contra a Pobreza


"Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, Capt. IV

Já que pouco ou nada podemos fazer para erradicar a Pobreza, pelo menos que não se erradique da nossa memória...

O que é um livro?



  • Um livro é um objecto que nos leva a sonhar e entrar num mundo imaginário onde cada leitor faz parte da história.


  • O livro é uma janela. Ora, então, se um livro é uma janela, deduzo que as estantes das bibliotecas sejam arranha-céus. Ler é o exercício mais fácil da mente(...). Será assim tão difícil e aborrecido? Não o acho.


  • Para mim, um livro é uma companhia.


  • (...) um livro é um espectáculo silencioso, que transforma simples letras numa visão(...).


  • O livro é o que nos deixa elevar os pensamentos, dá-nos outra forma de ver a vida e deixa a nossa imaginação voar.


  • Leitura é uma fonte de enriquecimento.


  • Para mim, um livro é uma janela para outras realidades, uma porta para os sonhos e o maior exemplo de partilha entre os Homens.(...) Está lá sempre; é como um passaporte de infinitas viagens para fantasias inimagináveis...


  • Um livro é uma troca de ideias, uma alma aberta, um amigo e quase um confidente.


  • Um livro de ensino é como um explicador silencioso, dá-nos informação, mas não fala.


  • Um livro, para mim, é uma fonte de informação(...), é um filme escrito.


  • Um livro é um objecto(...) que nos faz companhia, pois com ele podemos entrar num mundo que não é o nosso, viver várias aventuras, rir e até chorar.


  • (...) um livro é um professor silencioso(...).


  • Um livro(...) até nos ajuda a crescer.


Dos alunos do 11º G.

Poema de Liberdade



( A propósito do Padre António Vieira...)

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.


Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen