segunda-feira, 12 de maio de 2008

E, por fim, Cesário Verde!

Proh Pudor

Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada e langorosa.

Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania,
Aquela concepção vertiginosa.

Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...

Todas as noites ela, ah! sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...

Cesário Verde


Que destacar neste poema?

  • o amor?o erotismo?
  • a originalidade? a modernidade?

Nota: Não esqueçam que foi escrito na 2ª metade do século XIX.



2 comentários:

Anónimo disse...

Talvez uma peculiar forma de erotismo... Uma distinta forma de caracterizar Esta faceta humana duma forma mais ligeira e para a época original... Um pingo de uma forma recolucionária de sentir no seio de mentes retrogadas.

Anónimo disse...

Visitante, grata pela visita:-))