sábado, 26 de abril de 2008

De volta ao trabalho... Os Maias, Capítulos I a VI

Retomo a publicação de orientações que facilitem o estudo de Os Maias e a preparação para o teste. Como se torna difícil, num blogue, arrumar a matéria de uma narrativa tão extensa, optei por a abordar capítulo por capítulo, destacando e comentando o que me parece mais importante.



II Capítulo

  • casamento de Pedro e Maria Monforte (“felicidade de novela”);

  • os dois filhos, Maria Eduarda e Carlos Eduardo;

  • fuga de Maria com o príncipe italiano, levando consigo a filha;

  • Pedro fica com o filho, regressa a casa do pai e suicida-se.

    Comentário
    :

  • a crítica ao comportamento das mulheres: Maria foge, devido à leitura de romances românticos, que deturpavam a visão que as mulheres tinham da realidade;

  • até o nome do filho, Carlos Eduardo, tinha sido escolhido por ser o de um herói de um romance, com uma vida de "aventuras e desgraças" (presságio);

  • Pedro suicida-se, como era de esperar, devido ao seu temperamento neurótico (hereditariedade) e educação tradicional, “beata”.

III Capítulo


  • Afonso retira-se para Santa Olávia com o neto e, aí, tem a preocupação de lhe dar uma educação à inglesa: ar livre, ginástica, inglês (“mente sã em corpo são”);

  • em oposição, a educação de Eusèbiozinho, tradicionalmente portuguesa e “beata”.

    Comentário:

  • a oposição entre os dois tipos de educação revela, mais uma vez, a crítica à tradicionalmente portuguesa.

IV Capítulo


  • Carlos vai estudar para Coimbra, forma-se em Medicina;

  • torna-se amigo de João da Ega, o "escritor", personagem que representa o Realismo/Naturalismo;

  • quando acaba o curso, viaja pela Europa e o avô já o esperava em Lisboa, no Ramalhete;

  • o consultório é mobilado luxuosamente;

  • Ega prepara o seu grande livro, Memórias de Um Átomo.

    Comentário:

  • termina a analepse que se iniciara no I Capítulo e o tempo cronológico volta a ser 1875.

  • alguns pormenores são já significativos em termos de crítica e de caracterização da personagem: o luxo excessivo do consultório de Carlos não se coaduna com o exercício da Medicina;

  • Ega começa a escrever o livro de que se falava desde os seus tempos de estudante (será que alguma vez vai terminar essa “Bíblia”?).

V Capítulo


  • O Ramalhete e a vida social da família Maia e da alta burguesia de Lisboa: espaço social;

  • apresentação de várias personagens “tipo”: o Cruges, pianista falhado; Steinbroken, o embaixador finlandês; a Raquel Cohen, amante do Ega; a Condessa de Gouvarinho que Ega “recomenda” a Carlos.

    Comentário:

  • a crítica social torna-se mais corrosiva, em particular, no que diz respeito ao comportamento das mulheres (o adultério);
  • as causas são: a leitura de romances românticos, a ociosidade e consequente tédio.

VI Capítulo


  • jantar de homenagem a Cohen (o banqueiro judeu) no Hotel Central;

  • Carlos cruza-se com uma bela desconhecida quando entra no Hotel;

  • nesse jantar revelam-se outras personagens “tipo”: Alencar, poeta Ultra-Romântico, que tinha sido amigo dos pais de Carlos; o Craft, um inglês que há muito vivia em Portugal; Dâmaso Salcede, o novo-rico;

  • o jantar termina com uma briga;

  • já em casa, Carlos recorda o passado, como ficara a conhecer a história da mãe e do pai e adormece, evocando a visão da mulher que tanto o tinha impressionado.

    Comentário: Este é um dos Capítulos mais importantes, porque nele se cruzam os dois níveis da obra: o da intriga e o da crónica de costumes.

    A intriga:

  • Presságios: Ega, em conversa com Carlos (antes do jantar) diz-lhe que ele há-de vir a “acabar desgraçadamente[…] numa tragédia infernal”( p 152);

  • a mulher com quem Carlos se cruza é como uma “deusa” envolta em mistério (p 157);

  • no final do Capítulo, o sonho de Carlos, após ter recordado o seu passado familiar, remete para esta mulher, sonho premonitório.

    A crónica de costumes:

  • o comportamento e a linguagem pouco adequados da alta burguesia lisboeta que quer parecer muito civilizada e cosmopolita;

  • a oposição entre o Ultra-Romantismo retrógrado(Alencar) e o Realismo/Naturalismo(Ega), ambos exagerados.

  • Espaço social: o Hotel Central, onde desfila esta galeria de tipos sociais.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Dos meus alunos



A Folha na Festa

Esta flor
Não é da floresta.Esta flor é da festa
Esta é a flor da giesta.É a festa da flor
E a flor está na festa.


(E esta folha?Que folha é esta?)
Esta folha não é da giesta.Não é folha de flor.
Mas está na festa.Na festa da flor
Na flor da giesta.

Cecília Meireles (1901-1964, poetisa brasileira)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Amo-Te!



Outra vez te revejo, Cidade da minha infância...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -


(Excertos de Lisbon revisited, Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa).