quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Poema de Liberdade



( A propósito do Padre António Vieira...)

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.


Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

Stadistoya disse...

Eu Me Perdi

Eu me perdi na solidez de um mundo
Onde era preciso ser
Polícia agiota fariseu
Ou cocote

Eu me perdi na solidez do mundo
Eu me salvei na limpidez da terra

Eu me busquei no vento e me encontrei no mar
E nunca
Um navio da costa se afastou
Sem me levar

Sophia de Mello Breyner Andresen
:)
Sara P. 11ºG

MC disse...

Sara

Que bonito poema escolheu!!E bem a propósito do que temos debatido nas aulas!
Foi a primeira colaboração deste blog, que é nosso!!

Obrigada!:-))))

Stadistoya disse...

Com muito gosto stôra, os poemas e contos da Sophia são-me especialmente queridos, e o Porque é muito bonito, deveras! O Eu Me Perdi, tirei-o da Antologia Mar, editada pela filha dela, a Maria, aqui há uns anos, que tem poemas e textos lindos. :) até segunda!

eli disse...

Stôra, gostei de descobrir, oh! como gostei mesmo!

(irei passando...:=)

Abraço,

e.